quarta-feira, 19 de novembro de 2008
Pai
Já meu filho queriam que eu fosse um policial, um herói como na televisão.
Não alguém que vive entre rato e baratas.
O dia inteiro desinfetando aqueles cantos que ninguém vê,
porque é ali que eles vivem, no meio do lixo.
Eles estão se escondendo, tentam ser invisíveis e eu perseguindo-os e matando um a um.
O estilo de vida urbana nos afasta dos insetos,
como se eles fossem um erro da natureza e alguém tem que fazer o serviço sujo.
Toda vez que vou a igreja, acendo uma vela pelas pobres almas que levei.
E no final do dia quando chego em casa todo sujo e com o pão debaixo do braço.
Meu filho me recebe com um grande sorriso.
Ai eu vejo em seus olhos, quem realmente sou.
segunda-feira, 10 de novembro de 2008
mistoquente
"Entramos num elevador com um velho numa cadeira de rodas. Tinha uma enfermeira parada atrás dele.
O elevador começou a descer.
- Acho que vou morrer - disse o velho. - Não quero morrer. Tenho medo de morrer...
- Você já viveu o bastante, velho cretino! - resmungou meu pai.
O velho olhou, espantado. O elevador parou. A porta continuou fechada. Então percebi o ascensorista. Estava sentado num banquinho. Era um anão vestido num resplandecente uniforme vermelho com um boné da mesma cor.O anão olhou para meu pai.
- Cavalheiro - ele disse -, o senhor é um sujeito repugnante!
- Tampinha - replicou meu pai -, abra já essa merda de porta ou vou abrir é o seu cu.
A porta se abriu."
velho Buk
domingo, 9 de novembro de 2008
bom dia fim do dia
o sol ardia em vermelho quando refletia na água salgada que invadia as ruas. as vezes era um descontrole, o pavor. as vezes era um beijo, um eu te amo, e as flores caindo da mão sobre o corpo frio. copos e garrafas de vinho, e um brinde a morte. era só o começo do fim de nossas vidas.